Dos resultados preliminares das sondagens
Ordem dos Arqueólogos / Sindicato
Relação dos inquéritos recebidos
Ordem dos Arqueólogos / Sindicato
Relação dos inquéritos recebidos
Antes de mais gostaríamos de agradecer a todos os colegas que, com paciência e honestidade, despenderam de uma parte do seu tempo para proceder ao preenchimento dos diversos inquéritos que colocamos no blog e também gostaríamos de agradecer a todos os visitantes que, para nossa surpresa, fizeram com que as estatísticas do blog ultrapassassem os mais de 6500 impressões de página. Dos dados recebidos, as visitas ao nosso blog em território português ultrapassam as 6338 visitas em 31 de Agosto de 2011, sendo que o blog foi criado em 13 de Agosto dos mesmo ano. As visitas no exterior encontram-se no gráfico abaixo.
Gostaríamos também de agradecer a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, colocaram nos inquéritos a sua opinião pessoal sobre o blog mas, o mais importante, colocaram as suas impressões pessoais sobre as suas vivências e relações laborais. Como seria de esperar, chegamos, através da análise quantitativa dos inquéritos, à conclusão de que a arqueologia empresarial em Portugal comporta situações de três tipos no que respeita à questão laboral. Por um lado, temos condições de trabalho bastante motivadoras (tipo 1), aliciantes e, de forma geral, promissoras relativamente à arqueologia empresarial em Portugal. Por outro lado temos instituições que, com todas as dificuldades existentes no mercado laboral, legislação e competitividade do meio económico, conseguem dar aos seus funcionários, condições estáveis e rentáveis do ponto de vista laboral e económico (tipo 2). No entanto, também temos instituições que conferem, aos seus colaboradores, condições de trabalho muito pouco justas e definitivamente desencuadradas dos deveres e direitos de uma sociedade civilizada e equilibrada (tipo 3).
Relativamente a esta última situação temo que reafirmar a nossa posição e as nossa opiniões. Gostaríamos de referir, neste sentido, que a sobrevivência de uma entidade ou empresa depende muito da situação laboral dos seus colaboradores e do gosto que os seus sócios, gerentes e mentores têm da sua própria criação. O bem-estar de uma empresa passa, achamos nós, por uma situação harmónica e equilibrada entre todos os elementos da entidade. Neste sentido, se as engrenagens de uma determinada máquina (empresa ou instituição) se encontram descompensadas, esgotadas e pouco reconhecidas “social e laboralmente” a “máquina” acabará por “acabar”.
As situações observadas nos inquéritos mostram que existem muitos casos onde os arqueólogos e técnicos de arqueologia que percorrem o pais com um objectivo nobre como o é salvar o património de todos nós, isto é, do estado, são, definitivamente, encurralados pelo próprio estado, através da pesada carga fiscal incutida aos recibos verdes (123 inquéritos que correspondem a 83% das pessoas inquiridas). Os vencimentos enquadrados neste sistema de recibos verdes não permite, em muitos casos, suportar as despesas e a carga fiscal. Dos dados recolhidos, cerca de 40 dos 123 inquéritos em condições de recibos verdes não auferem vencimentos superiores a 40 euros. Só 45 inquéritos auferem vencimentos acima dos 60 euros. Os trabalhadores a contrato de trabalho e outro sistema contractual representam 25 situações num universo de 148 inquéritos
Outro dos aspectos interessantes que merecem destaque tem a ver com a situação de compromisso remuneratório atempado. Segundo os dados que nos chegaram, existe uma relação desfavorável sobre o tempo que as entidades patronais demoram a efectuar o pagamento. Dos 148 inquéritos, 45 situações apresentam atrasos nos pagamentos que vão do mês de atraso até aos dois meses. Esta situação aparentemente pouco significativa torna-se um caso bastante complicado quando existem situações de deslocações, encargos com viaturas, combustível, alimentação e alojamentos. Não é suportável sustentar um trabalho como que é exigido a um arqueólogo que trabalha deslocado e em situações laborais de tipo “Freelancer” conseguir manter-se sem auferir vencimentos durante dois meses com os valores em causa. Existem ainda 14 situações que reportam dívidas aos trabalhadores. Dos inquéritos que nos chegaram, 54% dos dados apresentam atrasos nos pagamentos. Só 46% dos inquiridos apresentam a sua situação de vencimento em dia.
Estes dados que aqui referimos fazem parte de um universo de análises muito mais diversificado e vasto. O objectivo deste trabalho não é definitivo, sobretudo por que temos a noção de que a nossa amostra é diminuta e demasiado pouco expressiva. Gostaríamos ainda de referir que os dados valem o que valem para quem os vê. Isto é, Nós acreditamos nos nossos colegas e na nossa classe e assumimos, com alguma margem de erro, que alguns dos inquéritos possam estar desenquadrados da realidade por uma vasta gama de factores. Contudo, são os dados que temos e pelos quais voltamos a agradecer a todos os colegas que colaboraram.
Gostaríamos de contar com a colaboração de todos, arqueólogos, técnicos, empresas e instituições diversas no sentido de compreender a nossa iniciativa que, conforme acreditamos, poderá ajudar a entender diversos problemas da arqueologia nacional. Não se trata de denegrir nada nem ninguém. Trata-se sim de dar visibilidade e reconhecimento a todas as entidades e pessoas que colaboram, à sua maneira, para levar a bom porto a arqueologia nacional.
A nossa classificação vale o que vale. O universo da amostra é insignificante do ponto de vista estatístico, os formulários são simples, simples de mais, as falhas e o próprio anonimato dos inquéritos faz com que os dados não possam ter qualquer influência a qualquer nível que não seja o da nossa iniciativa de alerta. Gostaríamos que, com esta pequeníssima iniciativa, os arqueólos, os técnicos, as empresas e todos aqueles que nutrem pela arqueologia uma paixão e um gosto possam encarar os resultados como um sinal dos que está bem e do que está mal. A seguir propomos passar os olhos por alguns aspectos do trabalho que elaboramos. Não somos profissionais de sondagens, inquéritos ou o que quer que seja, somos sim pessoas que procuraram uma forma de alertar para uma possível realidade. A arqueologia portuguesa, sobretudo a arqueologia empresarial, está em risco por diversos factores. É a nossa convicção de que o problema não se encontra nas empresas, nos arqueólogos, nas universidades, no instituto da tutela, na sociedade ou no aspecto mediático. É a nossa convicção que grande parte do problema encontra-se no aspecto cíclico da história e, sobretudo, na desregulação do mercado. Isto é, a origem do problema está no “BOLO”, ou seja, está nas empresas, nos arqueólogos, nas universidades, no instituto da tutela, na sociedade ou no aspecto mediático. Os arqueólogos e técnicos terão que entender que são eles os que marcam a diferença. A nossa convicção faz-nos reflectir sobre o mercado e as normas e formas de encarar o mesmo. Se os orçamentos das empresa são baixos para poder ganhar os concursos (isto é perfeitamente compreensível), os ordenados e condições laborais também terão que ser baixos. Mas sem mão de obra não há orçamentos nem trabalhos. Os arqueólogos e técnicos terão que tomar uma posição em parceria com as empresas. A lei obriga, o arqueólogo é o único habilitado a desenvolver acompanhamentos e escavações, as empresas necessitam de arqueólogos para sobreviver, as construtoras necessitam das empresas para dar continuidade aos trabalhos, o pais necessita desses trabalhos: “o mercado da arqueologia, hoje em dia, não se autorregula”. Tudo está na mão dos profissionais da arqueologia. É a nossa opinião.
Passando à frente…
Como resultado da análise dos 148 inquéritos preenchidos através deste espaço web, elaboramos um quadro de classificação das diversas instituições que prestam serviço na área da arqueologia em Portugal. Mais informamos que só foram contabilizadas as instituições que apresentassem 3 ou mais inquéritos preenchidos. Também destacamos, evidentemente, a possibilidade de existirem alguns inquéritos indevidamente preenchidos. Contudo, como é evidente, esses inquéritos não foram eliminados pois não pretendemos realizar avaliações subjectivas e parciais. Temos também a noção que estes gráficos, tabelas e dados não devem ser considerados completamente fidedignos. Deverá sim realizar-se uma observação e leitura cuidada dos resultados publicados. Os resultados apresentados dizem respeito à avaliação e tratamento estatístico dos dados recebidos através dos inquéritos. Não são, de forma alguma, manipulados pela blog e seus autores. A classificação utilizada foi adaptada da classificação das tão mediáticas “agéncias de rating”. Esta opção foi tomada, sobretudo, para estimular a participação dos colegas pois, como é evidente, trata-se de um assunto polémico do panorama mundial. Assumimos que, como a esmagadora maioria das pessoas no mundo, não concordamos com as “agéncias de rating” pelos fins obscuros que as mesmas detêm. Contudo, achamos que esta iniciativa “mediática” poderia ajudar à participação de todos nós nesta iniciativa.
Voltamos a referir que a classificação obtida vale o que vale e não é, de todo, um reflexo sustentável da realidade. Da análise estatística dos dados resultou a seguinte classificação.
Os dados apresentados são o reflexo da colaboração de todos os participantes nos diversos formulários. A seguir apresentamos gráficos correspondentes a situações isoladas em cada um dos campos submetidos a avaliação estatística.
Em Suma…
Após isto tudo, gostaríamos de agradecer, novamente, a todos os colaboradores, leitores e visitantes do nosso blog e fazemos votos para que esta iniciativa continue a contar com a participação de todos. Mais informamos que disponibilizamos os dados estatísticos recolhidos a quem tiver interesse nos referidos dados. Evidentemente serão retirados dos mesmos dados toda e qualquer informação sobre a pessoa ou pessoas que forneceram a informação. Como referimos, os dados dos inquéritos são anónimos e, como tal, assim irão permanecer.
Obrigado a todos,
Arqueorating blog